Mesmo os voos solitários chegam em algum lugar. Façamos de nosso Pais a Terra que sempre sonhamos viver...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Direitos são direitos



O Ciclista deseja apenas viver de forma saudável, sem ter de morrer para conseguir.
A convivência é possível. Independente do meio de transporte, sempre haverá um coração humano a conduzi-lo.

Rio de Janeiro. Zona Oeste. Bairro elegante. Bar da Moda. Gente bonita e jovem fugindo do calor.
Mesas repletas de pessoas e bebidas. Descontração.
Isolado no seu canto, sendo o único ocupante de uma mesa desprezada ao fundo, encontra-se Elieser.
No auge dos 70 anos. Terno de Linho branco, impecavelmente limpo, mas constrastando totalmente com os "uniformes fashions das tribos presentes".
Na mesa ao lado, dois garotos e seis meninas. Uma mais gata que a outra.
Idades percorrendo limies entre 18 e 22 anos, logo perceberam a contrastante figura sentada próxima.
Gersinho (todo bundão filho de mamãe é"inho") encontra uma forma nada educada aparecer  e virar centro das atenções das meninas: Piadas pouco criativas, ridicularizando o solitário ancião.
Colocações de mau gosto, mas com grande aceitação entre os presentes. A cada maldade se referindo as caracteristicas físicas do velho, gargalhadas se multiplicavam no ambiente.
Do nada, Elieser levantou e se dirigiu ao seu "agressor verbal".
O inesperado trouxe curiosidade e silêncio.
Ouve-se apenas uma pergunta, vinda de uma voz firme, mas serena.
- Qual o seu nome rapaz?
Elieser retruca com deboche.
- Porque vovô? Quer ficar comigo?
A piada não resulta mais em risadas.
Resposta chega, sem alteração de voz.
- Estou aqui apenas para me divertir. Acredito ter esse direito.  Não vim para ser lembrado que envelheci e sim para não esquecer que estou vivo. Voce não precisa gostar de mim. Peço-lhe apenas respeito.
Enquanto Elieser voltava para mesa, com a intenção de pagar o chopp consumido e ir embora. Gersinho tentou novas piadas. Impedido que foi com um sonoro "cala a boca babaca".
Envergonhados, jovens pediram desculpas a Elieser e disseram-lhe para não ir embora.
A noite seguiu.
Mesas se uniram. O Velho se entrosou. Descobriu-se que não se tratava apenas de uma figura deprimente, que deveria estar no fundo de um asilo e sim de um homem inteligente, companhia agradável e muitas histórias legais.
No fim da noite Elieser voltou para casa com cartões de novos amigos e com a palavra empenhada que voltaria de vez em quando.
Conviver é fácil. Basta respeitar as regras.
O ato de subir, não implica em ter que fazer alguém como escada...


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